– O que você quer ser quando você crescer?

– Professora.

Sofia sabia o que queria ser. Nem toda criança sabe. Um sonho infantil fica, muitas vezes, bem distante dos desejos juvenis e ainda mais longe da realidade da vida adulta. Mas, Sofia sabia. Ela sabia o que queria ser. Sofia queria ser professora.

Ana queria ser médica. Pedro queria ser astronauta. Vitor, jogador de futebol. Lucas só queria ser super-herói e ajudar a salvar o planeta, só isso. Maria queria ser atriz de novela. Julia, dentista. E Sofia, Sofia sabia que queria ser professora.

– Professora? – questionou surpresa aquela de quem se esperava o maior incentivo para essa escolha, a própria professora daquela turma de pequenos sonhadores que respondiam, um a um, sobre o que queriam ser.

– Sim. Eu quero ser professora. – confirmou Sofia. A única cujo desejo fora questionado com tanta surpresa. Afinal, deve ter pensado aquela jovem, porque uma criança haveria de querer ser professora?

O que fazer em um país onde o desejo de ser professora não é entendido como sonho, quase como se fosse indigno de figurar entre os anseios de criança reconhecidos como ideais e perfeitos?

Sofia sabia. Mesmo quando tinha apenas 7 anos de vida e respondeu àquela pergunta, Sofia sabia que ser professora era um sonho tão bonito quanto o sonho de qualquer outra criança, e a beleza desse sonho o tornava tão importante, porém difícil, como todos os outros sonhos.

Querer ser médica, é perfeito. Chegar à lua, parece lindo. Jogar futebol, é lógico. Que criança não quer? Todos querem, até o médico e o astronauta querem. Salvar o planeta como o super-homem é muito simples, basta tirar os óculos e colocar a capa. Poucos têm essa coragem, mas aplaudem quem tem. E por falar em aplausos, quer profissão mais reconhecida que a de atriz? É claro que todos querem! Dentista pode até ser assustador para muitas crianças, mas o que seria de nós sem os nossos dentistas, os guardiões dos nossos sorrisos. Que profissão mais linda!

Mas, professora? Por que uma criança gostaria de ser professora? “Isso não parece um sonho, parece mais um pesadelo”, diriam os maus. “É só um inocente engano de quem ainda não sabe quase nada da vida”, pensariam os descrentes.

Mas, Sofia sabia. Aos 17 anos, quando concluiu o Ensino Médio, Sofia decidiu cursar Pedagogia. Não consegui ingressar em uma Instituição Pública, mas conseguiu emprego que lhe possibilitava pagar as mensalidades em uma universidade particular.

Sofia cursou 3 períodos da graduação. Adorava o curso, mas perdeu o emprego e deixou em débito na faculdade todo o 4­º semestre ficando impedida de se matricular no período seguinte.

Determinada, Sofia conseguiu outro emprego e depois de 6 meses sem estudar conseguiu negociar sua dívida para voltar às aulas. Contudo, Sofia pagou somente uma parte e parcelou o restante.

A Faculdade não aceitou a matrícula de Sofia no semestre que se iniciava porque o débito anterior não havia sido completamente quitado. Sofia perdeu, assim, 2 semestres letivos, 1 ano inteiro mais distante da oportunidade de realização do seu sonho.

– Quem é você? De onde vem o seu sonho?

Fazendo esses questionamentos a si mesma assim que saiu da secretaria da universidade que recusava o seu pedido de matrícula, Sofia se lembrou de quem era e de quem queria ser. Ela queria ser professora.

Esse sonho de Sofia veio do desejo de sua mãe de garantir um futuro melhor para toda a sua família e da importância que ela sempre dedicou aos professores, seus colegas de profissão.

Sim, a mãe de Sofia era professora. A melhor professora que ela poderia ter. Referência rara e perfeita da grandeza dessa profissão. Por isso, ainda que sua professora do primário se surpreendesse com o seu sonho e não desse a ele a devida importância isso não abalava os sonhos da menina que vira a mãe educar e amar dezenas de crianças que, agora adultos, a veneravam.

Sofia sabia, desde a infância, que o maior bem que uma pessoa pode ter é acesso a educação e que os professores são os mais importantes cidadãos de um país porque ajudam a formar médicos, dentistas e até super-heróis. Sofia sabia. Sua mãe, a professora Ana de uma pequena escolinha do interior de Goiás, ajudou a formar grandes profissionais que a reconheciam e agradeciam até hoje. Sofia sabia.

Diferentemente da mãe que seguiu a carreira de educadora cursando apenas o antigo Magistério, Sofia precisa da graduação superior em uma universidade para encontrar-se apta a ministrar aulas. Contudo, Sofia não entendia como era possível que um bem tão precioso como a educação pudesse ser comercializado com tanta dureza pelas Instituições de Ensino Superior no Brasil.

Para realizar seu sonho, Sofia procurou ajuda. Aconselhada pela mãe ela foi ao escritório do advogado Wilson Lopes, um grato e bem sucedido ex-aluno da professora Ana.

Feliz com a oportunidade de defender a filha daquela professora que o ensinara a ler e contar as sílabas do seu sonho de ser advogado, Wilson Lopes entrou com uma ação de adição por danos morais para defender o sonho de Sofia.

Depois de audiência tumultuada por declarações grosseiras da advogada da universidade que afirmou que a instituição não era filantrópica e não devia nada à estudante, Sofia foi indenizada em R$ 6 mil pelo semestre que foi impedida de se matricular mesmo tendo negociado o débito das mensalidades atrasadas.

A universidade entrou com recurso em 2º grau mas perdeu novamente. De acordo com a decisão do juiz, a instituição não poderia ter impedido a estudante de estudar depois da negociação do débito, mas deveria ter renovado a matrícula.

– Porque não se trata de filantropia. Se trata de justiça.

Sofia sabia. Seu advogado, Wilson Lopes, sabia também. Sabiam porque tiveram uma sábia educadora que lhes ensinaram, quando ainda eram crianças, que todos os brasileiros têm direito à educação de qualidade e à realização de seus sonhos. Porque não existem sonhos impossíveis. Existem sonhos. E todo sonho é importante.

Wilson queria ser advogado e ajudar a realizar sonhos defendendo o direito de almejá-los e de lutar por eles.

*História baseada em um caso real solucionado pelo advogado Wilson Lopes

**Sofia é um nome fictício usado para preservar a identidade da personagem real

*** Wilson Lopes tem escritório de advocacia em Goiânia-GO
E-mail: advogado@wilsonlopes.com Telefone: (62) 3271-4001

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